Conscientização do Autismo sob a Perspectiva da Consciência Metabólica

Mente é a integração da propriocepção e da interocepção - como propõe Antonio Damasio (1999, 2010) — e que a consciência emerge dessa mente sentida, então o autismo pode ser compreendido como uma variação natural da organização neuro-metabólica da mente e da consciência. Saber o mecanismo é importante.

O metabolismo regula desde os ritmos bioquímicos celulares até a plasticidade sináptica (Markram et al., 2007), influenciando diretamente os padrões de atenção, linguagem, resposta afetiva e comportamento. Assim, a consciência, enquanto movimento percebido dentro dessa base metabólica, será única em cada organismo — e no autismo, essa singularidade é ainda mais pronunciada.

No autismo, essa consciência se expressa de modo singular:

- Com ritmos sensoriais e emocionais próprios, relacionados a diferenças na integração sensorial e na conectividade funcional (Just et al., 2007);

- Com padrões de atenção seletiva e hiperdetalhamento perceptual (Happé & Frith, 2006);

- E com formas alternativas de pertencimento, muitas vezes mais baseadas em coerência interna do que em normas sociais convencionais (Silberman, 2015).

O que significa então “conscientizar sobre o autismo”?

Significa reconhecer e respeitar essas outras formas de consciência, de sentir e existir. É compreender que:

- A variação neurobiológica faz parte da biodiversidade humana (Baron-Cohen, 2011);

- A plasticidade cerebral no autismo responde de forma distinta às emoções e ao ambiente social (Uddin et al., 2013);

- Ambientes sensorialmente sobrecarregados ou socialmente opressivos podem **restringir a fruição e sufocar a manifestação espontânea da consciência autista**.

Um novo convite para este 2 de abril:

Conscientizar sobre o autismo é adaptar o mundo às possibilidades que emergem de seus próprios ritmos de ser e sentir.

Referências:

- Damasio, A. R. (1999). *The Feeling of What Happens: Body and Emotion in the Making of Consciousness*.

- Damasio, A. R. (2010). *Self Comes to Mind: Constructing the Conscious Brain*.

- Markram, H., Rinaldi, T., & Markram, K. (2007). The intense world syndrome—An alternative hypothesis for autism. *Frontiers in Neuroscience*, 1(1), 77–96.

- Just, M. A., Cherkassky, V. L., Keller, T. A., & Minshew, N. J. (2007). Cortical activation and synchronization during sentence comprehension in high-functioning autism: Evidence of underconnectivity. *Brain*, 130(8), 1941–1953.

- Happé, F., & Frith, U. (2006). The weak coherence account: Detail-focused cognitive style in autism spectrum disorders. *Journal of Autism and Developmental Disorders*, 36(1), 5–25.

- Baron-Cohen, S. (2011). *The Science of Evil: On Empathy and the Origins of Cruelty*.

- Silberman, S. (2015). *NeuroTribes: The Legacy of Autism and the Future of Neurodiversity*.

- Uddin, L. Q., Supekar, K., & Menon, V. (2013). Reconceptualizing functional brain connectivity in autism from a developmental perspective. *Frontiers in Human Neuroscience*, 7, 458.