
Nas últimas décadas, a arqueologia brasileira passou por uma transformação significativa, especialmente na compreensão da Amazônia. Trabalhos realizados por arqueólogos brasileiros revelaram que a região sempre foi densamente povoada, com cerca de 8 a 10 milhões de habitantes há pelo menos 8 mil anos, desmistificando a ideia de uma Amazônia "despovoada". Seus estudos mostraram evidências como artefatos sofisticados, geoglifos, e a presença de terra preta, indicando uma profunda ocupação humana e manejo ambiental inteligente e sustentável. Inclusive, as espécies de árvores dominantes hoje são resultado do manejo indígena, com plantas como açaí, cacau e castanha, que eram obtidas através de manejo, não domesticadas no sentido tradicional. A colonização reduziu drasticamente essa população, mas recentemente houve um retorno populacional graças à urbanização e migração, sempre convivendo com um fio de continuidade indígena e de uso do solo fértil, herdado de épocas passadas. Pensando na perspectiva eurocêntrica que aprendemos no livros de história, que os recursos naturais do Brasil começaram a ser devastados pela “cultura e tecnologia superior européia” após a colonização, é impossível imaginar que o povo indigena pudesse explorar extenuantemente suas terras sem perda significativa de recursos, aliás, eles são “primitivos”, né? Vamos ver que não é bem assim. Aqui vamos discutir um pouco sobre como esse fato nos mostra o quanto nossos pré-conceitos sobre o que é uma sociedade desenvolvida pode dificultar nossa compreensão sobre o que é avanço científico a partir de uma visão decolonial.

Sabemos que para existir ciência tem que existir o método científico. Mas o que é o método científico? O método científico é um procedimento sistemático e estruturado usado para investigar fenômenos, adquirir conhecimento e validar hipóteses por meio da observação, formulação de perguntas, elaboração de hipóteses, experimentação, análise de resultados e conclusão. Essa é uma definição comumente aceita em nosso meio social a partir de conceitos eurocêntricos científicos estão de acordo com a realidade e funcionam. Entretanto, o fato de uma população não seguir esses mesmos métodos, não pode configurar uma não-ciência. Os povos indígenas no Brasil antes da colonização a partir do conhecimento botânico, climático, manejo de terras e outros recursos a partir da prática direta, e até mesmo atribuindo esses conhecimentos a forças da natureza e a rituais conseguiram desenvolver tecnologias suficientes para realizar essa prática de forma sustentável e ao seu favor. Mas como falar em tecnologia sem falar em uma bússola, caravelas ou extrapolando para nossa realidade atual, computadores? Essa noção de que a tecnologia é limitada e reducionista. Na realidade, a tecnologia abrange uma vasta gama de elementos que envolvem linguagem, cultura, métodos de transporte, técnicas de construção, agricultura e práticas sociais, entre outros aspectos, que são utilizados pelo homem para manipular o ambiente em benefício próprio.

É importante ressaltar que o conceito neocolonial de "povo primitivo” não se aplica no contexto amerindio quando comparado aos europeus. Cada sociedade que esteja convivendo no mesmo ponto temporal histórico não possui diferenças “evolutivas sociais” de superioridade ou inferioridade quando comparada a outra. Conhecimento é algo muito relacionado ao espaço e a realidade em que cada sociedade se encontra. Um exemplo claro disso, é a própria capacidade científica dos ameríndios de fomentar uma agricultura sustentável a seu favor, diferentemente dos povos europeus como já falamos. Esse entendimento de que não existe conhecimento superior dependendo da cultura ou sociedade reforça que os conceitos neocoloniais são vitais para pensar o futuro. É possível viver de forma sustentável na floresta, preservando sua riqueza a partir da união de conhecimentos de forma ampla sem menosprezar nenhuma cultura ou sociedade.
Referências:
de Souza Oliveira, Elizabeth, and Marizete Lucini. "O pensamento decolonial: conceitos para pensar uma prática de pesquisa de resistência." Boletim Historiar 8.01 (2021).
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