Jackson Cionek
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Natal no Hemisfério Sul: como meu corpo aprende o roteiro e como eu recupero o sentir sem perder o pertencimento

Natal no Hemisfério Sul: como meu corpo aprende o roteiro e como eu recupero o sentir sem perder o pertencimento

Eu moro no hemisfério Sul. Aqui, Natal é calor, chuva de verão, trânsito, 13º, férias chegando, loja cheia, família misturada, ceia tarde, barulho de vizinhança, rádio tocando as mesmas músicas, e um monte de expectativas ao mesmo tempo.
Quando eu digo “percepção colonizada do Natal”, eu não estou atacando o Natal. Eu estou tentando explicar como um roteiro entra no meu corpo e vira automático — antes de eu escolher.

Eu uso meu Triplo Aspecto assim (bem pé no chão):

  • Política (bioma): o que mantém a vida bem inserida no nosso bioma (sono, comida, água, território, vínculo, segurança, trabalho sem adoecer).

  • Espiritualidade (Yãy hã mĩy): termo do povo Maxakali; no meu uso estendido, é o bebê/humano que aprende por imitação, cria hábitos, crenças e fé para conseguir usar palavras e outras ferramentas culturais.

  • Neurocientífico (Alfredo Pereira Jr + Mente Damasiana): mente é corpo sentindo (interocepção + propriocepção). Eu defino consciência como movimento que se percebe ser dentro do metabolismo. E cada símbolo/palavra/ritual vira uma referência no meu hiperespaço mental (um “ponto” que orienta meu agir).

Agora eu aplico meu mapa fixo: CÉLULA → CORPO → RELAÇÃO → COMUNIDADE → ESTADO.


CÉLULA — o Natal começa no básico: energia e ritmo

No fim do ano, meu corpo sente mudança de ritmo: eu durmo mais tarde, como diferente, ando mais, pego fila, gasto energia social.
Política (bioma): isso não é “moral”. É biologia do viver no território. Se eu perco sono e regularidade, eu fico mais impulsivo e mais sensível a estímulo.

Neuro (em linguagem simples): meu cérebro ama atalhos. Se ele associa “Natal = recompensa” (comida, presente, aprovação), ele começa a pedir isso no automático.


CORPO — minha consciência vira “movimento guiado por referências”

Eu noto uma coisa prática: perto do Natal eu me mexo diferente. Eu fico mais apressado, mais reativo, mais “no externo”.
Aqui entra meu ponto central:

  • Mente Damasiana: se eu não volto para o corpo (respiração, fome real, tensão, cansaço), eu viro passageiro.

  • Consciência como movimento: se meu corpo está acelerado, a minha consciência (meu movimento percebido) vira “modo tarefa”.

E aí as “referências natalinas” entram como placas na estrada: luz, música, slogan, vitrine, foto, meme, ‘tem que’. Isso ocupa meu hiperespaço mental e guia meu comportamento.


RELAÇÃO — o Yãy hã mĩy estendido aparece como pertencimento

No Brasil, Natal é muito relação: família, vizinhos, igreja (pra quem vai), amigo secreto, confraternização do trabalho, grupo de WhatsApp.
Eu percebo que eu imito sem querer:

  • o jeito de falar,

  • o humor “obrigatório”,

  • a expectativa de presentear,

  • o papel social que esperam de mim.

Yãy hã mĩy (Maxakali) + uso estendido: eu aprendo por imitação para pertencer. Isso é humano e não é “errado”. O risco é quando a imitação vira prisão: eu começo a acreditar que se eu não fizer do jeito esperado, eu não pertenço.


COMUNIDADE — quando o Natal vira vitrine ou vira cuidado

Eu vejo dois Natais convivendo:

  1. Natal vitrine: muita comparação, muita foto, muita pressão, gasto que vira dívida.

  2. Natal cuidado: comida feita junto, visita, conversa, gesto simples, doação sem humilhar, brincar com criança, chamar quem estaria sozinho.

Política (bioma): comunidade saudável protege vida no território. Então, o “Natal cuidado” fortalece bioma social. O “Natal vitrine” enfraquece.


ESTADO — a pergunta de verdade (sem briga cultural)

Eu não quero uma guerra cultural. Eu quero uma pergunta objetiva:

O Natal que estamos praticando melhora ou piora as condições de vida no bioma — do celular ao adulto?

Se aumenta endividamento, exaustão, ansiedade e exclusão, eu chamo isso de colonização da percepção porque o corpo social vira “máquina de consumo”.
Se aumenta descanso possível, vínculo real e cuidado, então o Natal vira uma tecnologia social a favor da vida.

Contra-argumento justo: “o comércio precisa vender”. Sim. Eu só não quero que vender dependa de adoecer atenção e pertencimento.


O que eu faço na prática

  • Eu protejo sono e fome real (bioma do corpo).

  • Eu escolho um gesto de cuidado que não vire dívida.

  • Eu percebo meu “Eu Tensional” do fim de ano e solto 10% (mandíbula, ombros, respiração).

  • Eu imito menos vitrine e imito mais presença (Yãy hã mĩy estendido, consciente).


Pergunta Brain Bee (pra virar ciência)

Como eu comparo “Natal vitrine” vs “Natal cuidado” aqui no Hemisfério Sul, usando medidas simples (sono, estresse, impulsividade de compra, qualidade de vínculo), sem transformar isso em julgamento moral?

 

Aqui vão referências pós-2020 (com o “porquê” em 1 linha) que sustentam o Blog 1:

Neurociência: corpo → mente / interocepção → regulação

  • Berntson & Khalsa (2021) – circuitos neurais da interocepção e sua relação com regulação emocional/comportamental (base para “corpo guiando mente”). (PubMed)

  • Damasio (2021) – consciência e mente ancoradas em sentimento/homeostase (alinha com sua “Mente Damasiana” e biologia do sentir). (PhilPapers)

  • Allen (2020) – “interoceptive inference”: percepção/decisão como previsão + correção integrando sinais internos/externos (bom para “referências” que guiam movimento). (PubMed)

Referências sociais que “ocupam” atenção (vitrine, comparação, bem-estar)

  • Sala et al. (2024)umbrella review sobre uso de redes sociais e saúde mental/bem-estar em adolescentes; discute riscos e oportunidades (apoia sua crítica à “vitrine”). (ScienceDirect)

  • Agyapong-Opoku et al. (2025) – revisão sobre efeitos de redes sociais em jovens/adolescentes e correlações com bem-estar/saúde mental (apoia “pressões de pertencimento e autoapresentação”). ( PMC)

Pertencimento “real” vs “roteiro” (sincronia, vínculo, hierarquia)

  • Ni, Yang & Ma (2024, PLOS Biology) – vínculo social aumenta troca de informação e sincronia pré-frontal em interações (apoia RELAÇÃO→COMUNIDADE no seu framework). (PLOS)

  • Chung et al. (2024) – experiências compartilhadas, sincronia emocional/fisiológica e efeitos em bonding (apoia “co-presença” como tecnologia de pertencimento). ( PMC)

  • Revisão (2024, SAGE) – panorama integrativo de sincronia interpessoal (comportamental/fisiológica) em contextos sociais (apoia a ideia de “ritual organiza corpo social”). (Sage Journals)

  • Xygalatas et al. (2025, PNAS) – rituais de grupo medidos com sensores mostrando alinhamento emocional/fisiológico (apoia ritual como engenharia de pertencimento, sem dogma). (PNAS)

Monismo de Triplo Aspecto (Alfredo Pereira Jr.) — pós-2020 para “ratificar a moldura”

  • Pereira Jr. (2023) – texto introdutório em ANPOF sobre a metafísica do Monismo de Triplo Aspecto (bom para ancorar sua referência filosófica). (ANPOF)

  • Pereira Jr. (2025) – entrevista SciELO com explicação do MTA (matéria/informação/sentimento) em linguagem acessível (ótimo para citar no blog). (SciELO em Perspectiva: Humanas |)

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