Jackson Cionek
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SEM ANISTIA - O Golpe da República (1889) - O Golpe de 1964 - Tentativa de Bolsonaro (2023)

SEM ANISTIA - O Golpe da República (1889) - O Golpe de 1964  - Tentativa de Bolsonaro (2023)

O Golpe da República (1889), o Golpe de 1964 e a tentativa de golpe de Bolsonaro (2023) são eventos marcantes da história brasileira que envolvem rupturas ou tentativas de ruptura da ordem política vigente. Cada um desses eventos ocorreu em contextos históricos, sociais e políticos distintos, mas apresentam algumas semelhanças e diferenças significativas.

SEM ANISTIA
SEM ANISTIA

Abaixo, uma análise comparativa:

Semelhanças:

1. Intervenção militar:

   - Em todos os casos, as Forças Armadas desempenharam um papel central. Em 1889, militares liderados por Deodoro da Fonseca depuseram o imperador Dom Pedro II e proclamaram a República. Em 1964, os militares, com apoio de setores civis, derrubaram o presidente João Goulart e instauraram uma ditadura. Em 2023, Bolsonaro e seus apoiadores, incluindo militares da reserva, tentaram deslegitimar as eleições e promoveram ataques às instituições democráticas.

2. Crise política e instabilidade:

   - Todos os eventos ocorreram em contextos de crise política e polarização. Em 1889, havia insatisfação com a monarquia e pressão por reformas. Em 1964, o país estava dividido entre projetos políticos antagônicos (reformas de base x conservadorismo). Em 2023, a polarização entre bolsonaristas e oposição atingiu níveis extremos, com questionamentos sobre a legitimidade das eleições.

3. Participação de setores civis:

   - Em todos os casos, houve apoio de setores civis. Em 1889, a elite agrária e republicana apoiou o golpe. Em 1964, empresários, a mídia e parte da classe média apoiaram a deposição de Goulart. Em 2023, Bolsonaro contou com o apoio de parte da população, empresários e grupos conservadores.

4. Ruptura ou tentativa de ruptura institucional:

   - Em 1889 e 1964, houve uma ruptura clara da ordem constitucional. Em 2023, a tentativa de golpe buscou minar a legitimidade das instituições democráticas, mas não resultou em uma ruptura completa.

Diferenças:

1. Contexto histórico:

   - 1889: O Brasil era uma monarquia, e o golpe marcou a transição para a República. O movimento foi influenciado por ideais positivistas e pelo descontentamento com a centralização do poder imperial.

   - 1964: O país já era uma república democrática, mas enfrentava tensões da Guerra Fria. O golpe foi justificado como uma medida para evitar um suposto "comunismo" e resultou em uma ditadura militar que durou 21 anos.

   - 2023: O Brasil era uma democracia consolidada, e a tentativa de golpe foi uma reação à derrota eleitoral de Bolsonaro. Não houve sucesso na ruptura institucional, mas os ataques ao Congresso, ao STF e ao Palácio do Planalto representaram uma grave ameaça à democracia.

2. Natureza do regime:

   - 1889: Instaurou-se uma república oligárquica, com poder concentrado nas mãos das elites agrárias.

   - 1964: Instaurou-se uma ditadura militar, com supressão de direitos políticos, censura e repressão.

   - 2023: A democracia foi preservada, mas houve uma tentativa de minar suas bases por meio de ataques às instituições e à confiança no processo eleitoral.

3. Papel das Forças Armadas:

   - 1889: Os militares foram os protagonistas do golpe, liderando a transição para a República.

   - 1964: Os militares assumiram o poder diretamente, governando o país por duas décadas.

   - 2023: Setores das Forças Armadas simpatizaram com Bolsonaro, mas não houve um movimento institucionalizado para tomar o poder. A tentativa de golpe foi liderada por civis e militares da reserva.

4. Resultado:

   - 1889: O golpe foi bem-sucedido, resultando na queda da monarquia e na proclamação da República.

   - 1964: O golpe também foi bem-sucedido, levando à instauração de uma ditadura militar.

   - 2023: A tentativa de golpe fracassou, e as instituições democráticas resistiram, embora com danos significativos à coesão social e política.

5. Legado:

   - 1889: O golpe consolidou a República, mas manteve muitas estruturas de poder da elite agrária.

   - 1964: A ditadura deixou um legado de violência, censura e desigualdade, com impactos duradouros na sociedade brasileira.

   - 2023: A tentativa de golpe expôs fragilidades na democracia brasileira e aumentou a polarização política, mas também reforçou a importância da defesa das instituições democráticas.


Enquanto o Golpe da República (1889) e o Golpe de 1964 representaram rupturas bem-sucedidas da ordem política, a tentativa de golpe de Bolsonaro em 2023 foi uma ameaça à democracia que não se concretizou. Todos os eventos, no entanto, refletem a tensão entre projetos políticos antagônicos e o papel das Forças Armadas e de setores civis na política brasileira. A história desses eventos serve como um alerta para os riscos de desestabilização democrática e a necessidade de fortalecer as instituições.

A Lei da Anistia de 1979, que perdoou crimes políticos cometidos tanto por agentes do regime militar quanto por opositores, teve um impacto profundo e duradouro na sociedade brasileira. Ao não responsabilizar os militares e seus apoiadores civis pelos crimes cometidos durante a ditadura (1964-1985), a anistia contribuiu para uma cultura de impunidade e para a perpetuação de uma narrativa que minimiza os abusos do período. Esse contexto histórico criou condições que, décadas depois, facilitaram a tentativa de golpe de Bolsonaro em 2023. 

1. A Anistia e a cultura de impunidade:

- Falta de responsabilização: A Lei da Anistia permitiu que militares e civis envolvidos em crimes como tortura, desaparecimentos forçados e execuções sumárias durante a ditadura não fossem punidos. Isso criou um precedente perigoso, sugerindo que atos antidemocráticos e violações de direitos humanos poderiam ficar impunes.

- Narrativa revisionista: A ausência de punição permitiu que setores da sociedade, incluindo militares e apoiadores do regime, construíssem uma narrativa revisionista que glorifica a ditadura como um período de "ordem e progresso", ignorando ou minimizando seus crimes.

2. O papel das Forças Armadas após a redemocratização:

- Manutenção de privilégios: Após a redemocratização, as Forças Armadas mantiveram um papel político significativo, com autonomia e influência em áreas como defesa e segurança. A anistia garantiu que militares não fossem responsabilizados, o que reforçou sua sensação de impunidade e poder.

- Intervenções políticas: Ao longo dos anos, militares continuaram a intervir na política, seja de forma direta (como em crises institucionais) ou indireta (por meio de pressões e declarações públicas). Essa cultura de intervenção militar na política foi normalizada em parte pela falta de responsabilização histórica.

3. A aliança com o mercado financeiro e a mídia:

- Apoio ao golpe de 1964: Durante a ditadura, setores do mercado financeiro e da mídia apoiaram o regime militar, beneficiando-se de políticas econômicas favoráveis e da repressão a movimentos sociais e sindicais. Essa aliança histórica entre militares, elites econômicas e mídia criou uma rede de interesses que persistiu após a redemocratização.

- Bolsonaro e a reconstrução da aliança: Durante o governo Bolsonaro (2019-2022), essa aliança foi reativada. Setores do mercado financeiro e da mídia apoiaram Bolsonaro por suas políticas econômicas neoliberais e seu discurso anticomunista, enquanto ele promovia a participação de militares em cargos políticos e defendia a ditadura militar.

4. A normalização do discurso golpista:

- Revisão da história: A falta de responsabilização pelos crimes da ditadura permitiu que o discurso golpista e autoritário fosse normalizado. Bolsonaro e seus apoiadores frequentemente elogiaram o regime militar e questionaram a democracia, sugerindo que uma intervenção militar poderia ser necessária.

- Ataques às instituições: Durante seu governo, Bolsonaro promoveu ataques sistemáticos a instituições democráticas, como o STF, o Congresso e o sistema eleitoral. Esse comportamento foi tolerado por setores das Forças Armadas, do mercado financeiro e da mídia, que não se opuseram de forma contundente.

5. A tentativa de golpe de 2023:

- Cumplicidade e omissão: A tentativa de golpe de Bolsonaro, que culminou nos ataques de 8 de janeiro de 2023 às sedes dos Três Poderes, foi facilitada pela omissão e, em alguns casos, pela cumplicidade de setores das Forças Armadas, do mercado financeiro e da mídia. Militares da ativa e da reserva apoiaram ou não se opuseram ao discurso golpista, enquanto parte da mídia e do mercado financeiro minimizaram os riscos da escalada autoritária.

- Falta de responsabilização histórica: A cultura de impunidade criada pela anistia de 1979 contribuiu para que muitos atores políticos e militares acreditassem que poderiam agir contra a democracia sem consequências graves.

A Lei da Anistia de 1979 deixou um legado de impunidade e revisionismo histórico que permitiu a persistência de uma cultura autoritária no Brasil. Ao não responsabilizar os responsáveis pelo golpe de 1964 e pelos crimes da ditadura, a anistia criou um ambiente em que setores das Forças Armadas, do mercado financeiro e da mídia se sentiram à vontade para apoiar ou tolerar ações antidemocráticas, como a tentativa de golpe de Bolsonaro. A defesa da democracia exige não apenas a punição dos responsáveis por ataques recentes, mas também uma revisão crítica do passado e a construção de mecanismos que garantam a responsabilização de todos os atores que ameaçam a ordem democrática.


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