Jackson Cionek
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Educação Neuroecológica e Soberania Cognitiva - Soberania e Defesa Nacional

Educação Neuroecológica e Soberania Cognitiva - Soberania e Defesa Nacional

Educar é ensinar o cérebro a mudar de crenças — e perceber o real como experiência viva e compartilhada


CoConsciência em Primeira Pessoa

Enquanto sonho, tudo parece verdadeiro.
Um ruído, um toque ou uma lembrança podem transformar-se, em segundos, em um cenário completo.
A mente integra o que ouve e sente de forma automática — mesmo quando o estímulo é falso.

Percebo, então, que o sonho é uma metáfora da própria vida desperta:
meu cérebro não descreve o mundo como ele é, mas reconstrói o mundo conforme o que acredita.
Minhas crenças, memórias e expectativas reorganizam os sentidos e me fazem perceber uma realidade que confirma o que espero ver.

Mas se o cérebro sonha acordado, quem garante que o que chamo de “realidade” não é apenas um acordo coletivo de crenças?
A Educação Neuroecológica nasce para romper esse círculo.
Ela ensina que toda percepção é um ato de fé e que, para mudar o mundo, primeiro é preciso mudar o sistema perceptivo das crenças que o constroem.

O sonho mostra o que o cérebro faz com um único ruído: cria um universo.
A educação deve ensinar o cérebro a transformar o ruído em sentido, não em ilusão.


Os Seis Avatares da Percepção e a Reeducação das Crenças

A mente humana não percebe o real diretamente — ela o recria, filtrando cada experiência através de redes neurais, memórias e crenças.
Assim como no sonho, quando um ruído externo é incorporado automaticamente à narrativa onírica,
nossas crenças também incorporam a informação externa de forma distorcida,
reconstruindo o mundo conforme o que esperamos ver.

Para mudar de percepção, é preciso mudar de referência cognitiva.
E é para isso que a Educação Neuroecológica propõe seis Avatares Científicos,
cada um representando um nível de observação do real — biológico, emocional, cultural, cognitivo, social e espiritual.


Brainlly (Jellyfish): Neurônios, Glia e Sangue — O Processamento da Percepção

O Brainlly representa a base biofísica da percepção — o fluxo entre neurônios, glia e sangue.
É o avatar que observa a realidade como o corpo a processa,
onde cada pensamento é uma onda elétrica e cada memória semântica é um padrão de energia circulando entre células e vasos.

Ele revela que perceber é metabolizar:
o cérebro não “espelha” o mundo — ele o filtra, codifica e oxigena segundo o estado energético do corpo.
Aqui, aprender é medir, sentir e compreender como o pensamento nasce da matéria viva.


Iam (Linhas Contínuas): Estados Emocionais, Consciência e Motivações

O Iam representa os sistemas funcionais ligados aos estados emocionais e motivacionais.
Relaciona-se às memórias episódicas, à consciência e ao modo como as emoções guiam a atenção.
É o avatar que percebe a mente sentindo — que entende que a emoção não é ruído,
mas vetor da decisão.

Enquanto o Brainlly mostra como o cérebro funciona, o Iam mostra por que o corpo age.
É o território das motivações internas, dos vínculos e da afetividade que sustenta o pensamento.


Olmeca (Antropologia Latino-Americana): Cultura, Singularidade e Epigenética

O Olmeca integra os aspectos culturais, individuais e epigenéticos do ser humano.
É o avatar da Antropologia Latino-Americana, que reconhece o indivíduo como expressão singular de seu conectoma estrutural e funcional.

Ele traduz como linguagem, aprendizado e história moldam o cérebro —
e como a cultura, ao longo das gerações, se torna um código neural e epigenético.
O Olmeca nos lembra que pensar é herdar e inovar ao mesmo tempo.


Yagé (Estados de Consciência): Metacognição, Fruição e Fluxo

O Yagé é o avatar da metacognição — o pensar sobre o pensar.
Ele possibilita o estado de fruição ou fluxo,
onde percepção, atenção e ação se tornam uma única experiência.

Aqui, aprendemos a flexibilizar os constructos da percepção — valores, princípios e crenças.
É o domínio das três chaves cognitivas da ação humana:

  • Tesoura: aprender, explorar, focar;

  • Pedra: defender, atacar, frisar, fugir, simular;

  • Papel: ampliar a atenção, rir, pertencer.

“Jogar Pedra, Papel e Tesoura” é o treino lúdico da consciência que aprende a mudar de estratégia,
a sair da rigidez emocional e acessar a leveza do pertencimento.


Math Hep – O Avatar das Conexões Tensionais e do Pertencimento

O Math Hep é o observador dos Eus Tensionais — fenômenos reais do corpo vivo,
mensuráveis por EEG, fNIRS e SpO₂.
Ele estuda as teias de tensão entre emoções, memórias e decisões,
que surgem da interação entre ambiente, DNA, conectomas e os 12 sentidos humanos —
incluindo o Pertencimento como Quorum Sensing Humano.

Assim como as bactérias percebem o momento de agir coletivamente,
o corpo humano detecta sinais sociais (olhares, vozes, toques) que dizem: você pertence aqui.
Essa é a raiz fisiológica da empatia e da moralidade.

“Neurônios que disparam juntos, conectam-se.”
A Regra de Hebb transforma tensão em aprendizado e pertencimento em sincronia.

O Math Hep quantifica a emoção como dado científico,
unindo corpo, mente e sociedade em uma matemática viva do sentir.


DANA – A Inteligência Iniciante da Vida e a Organização Espiritual do DNA

O DANA é o avatar da Inteligência Original da Vida
a organização espiritual do DNA em território.

Representa a matriz bioquímica, rítmica e adaptativa que regula a replicação, diferenciação e consciência celular.
DANA observa o neurope — o fluxo aquático e energético que move o citoplasma,
ecoando o que os Yanomami chamam de força que possibilita a vida circular.

Cada célula, ao se duplicar, responde a sinais químicos, luminosos, térmicos e sociais —
atuando num Quorum Sensing intracorpóreo que indica quando crescer, parar ou se diferenciar.
Assim nasce o corpo, e com ele, a consciência funcional.

O DANA é a espiritualidade neutra da biologia —
a dimensão sagrada da informação viva que organiza o ser em harmonia com o todo.


Mudar de Crenças é Mudar de Avatar

Toda crença é um modo de percepção — um avatar dominante.
Quando ficamos presos a um único modo de ver o mundo,
nossos sonhos e pensamentos reforçam sempre a mesma narrativa.

Mas a educação neuroecológica ensina a alternar entre avatares:
a perceber a realidade em múltiplas camadas,
a reconhecer a distorção quando uma crença tenta proteger a si mesma.

O cientista que só vê com o Brainlly pode perder o simbolismo do Olmeca.
O artista que só vive no Yagé pode esquecer o rigor de Math Hep.
O espiritualista que só sente o DANA pode se desconectar da objetividade do Iam.

A mente livre é aquela que navega entre avatares —
integrando ciência, emoção, cultura e espírito em uma percepção viva do real.


Materialidade Científica – Experimentos Propostos

E1 – Crença, Flexibilidade e Coerência Neural

  • Amostra: 100 participantes expostos a informações contraditórias.

  • Aquisição: fNIRS (vmPFC, ínsula) + EEG (α/θ) + HRV.

  • Tarefa: avaliar notícias reais e falsas sob instrução de diferentes “avatares” (científico, introspectivo, ancestral, etc.).

  • Resultado esperado: mudança de avatar → ↑ coerência pré-frontal, ↑ flexibilidade cognitiva, ↑ HRV;
    fixação em um único ponto de vista → ↓ coerência, ↑ reatividade emocional.


E2 – Sonho, Falsa Informação e Reconstrução de Sentido

  • Amostra: 60 participantes em laboratório de sono com estímulos auditivos (sons neutros vs emocionais).

  • Aquisição: EEG (ondas teta e alfa), EMG, HRV.

  • Tarefa: correlacionar o conteúdo do sonho com o estímulo aplicado.

  • Resultado esperado: incorporação automática do ruído ao enredo do sonho (↑ conectividade teta-hipocampo),
    demonstrando o princípio de auto-coerência perceptiva da mente — e a necessidade de educar para detectar distorções similares em vigília.


E3 – Aprendizado Multirreferencial

  • Amostra: 120 estudantes divididos em grupos com um único avatar vs múltiplos avatares de observação.

  • Aquisição: fNIRS (vmPFC, ACC, ínsula) + EEG (α/β coherence).

  • Tarefa: resolução de problemas científicos com instruções baseadas em diferentes “visões do real” (Brainlly, Iam, Olmeca, Yagé, Math Hep, DANA).

  • Resultado esperado: grupo multirreferencial → ↑ flexibilidade neural, ↑ conectividade entre redes atencionais e default mode, ↑ criatividade e empatia.

Esses experimentos mostram a materialidade da mudança de crença:
trocar de referência perceptiva altera redes neurais mensuráveis e amplia a capacidade de sentir realidades antes invisíveis.


Referências e Evidências (2020 – 2025)

  1. Nir Y & Tononi G (2021) Dreaming and the construction of internal coherence. Nat Rev Neurosci 22: 573–586.

  2. Berntson GG & Khalsa SS (2021) Neural Circuits of Interoception. Trends Neurosci 44(9): 789–799.

  3. Pessoa L (2022) The Entangled Brain. MIT Press.

  4. Northoff G (2022) Self, Consciousness and the Temporo-Spatial Dynamics of Belief. Neurosci Biobehav Rev 140: 104766.

  5. Li X et al. (2024) Belief updating and vmPFC–insula coupling under uncertainty. Front Hum Neurosci 18: 104922.

  6. Parisi G (2021) The Wonder of Complex Systems. Nobel Lecture.

  7. Liu Y et al. (2025) Multimodal fNIRS–EEG evidence of cognitive flexibility through perspective switching. Cereb Cortex 35(9): 3218–3235.


Síntese Final

Toda mente é um sistema complexo em busca de coerência.

Quando escutamos um ruído — no sonho ou na vida — o cérebro tenta dar-lhe sentido,
e nesse gesto, constrói o que chamamos de realidade.

Mas nossas crenças, como espelhos curvos, distorcem o que vemos para confirmar o que já acreditamos.

A Educação Neuroecológica é o treinamento da consciência para reconhecer essas curvaturas,
para aprender a trocar de lente, de avatar, de referência.

Brainlly pensa com dados, Iam sente o pensar, Olmeca lembra o corpo,
Yagé respira o tempo, Math Hep mede o invisível, DANA compreende o sagrado.

Quando todos aprendem a coexistir dentro da mesma mente,
nasce o verdadeiro cientista ecológico — aquele que percebe o real em camadas.

Educar, enfim, é ensinar o cérebro a mudar de crenças —
e devolver-lhe a beleza de perceber o mundo com olhos novos.





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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States