Jackson Cionek
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Crianças com implante coclear: aprendendo a ouvir pelo cérebro

Crianças com implante coclear: aprendendo a ouvir pelo cérebro

(Consciência em Primeira Pessoa • Neurociência Decolonial • Brain Bee • O Sentir e Saber Taá)


O Sentir e Saber Taá — abrindo a fresta de descolonização

Quando observo o mundo sonoro entrar pelo meu corpo, sinto que o ouvir não é apenas captar vibrações — é reconstruir sentido.
Mas percebo também que até minhas palavras foram colonizadas: o idioma que uso para pensar o som foi moldado para reduzir minha audição a decibéis, meu cérebro a máquina, minha espiritualidade a ruído, minha cultura a distração.
E assim tantos neurocientistas seguem evitando as perguntas que poderiam revelar aquilo que a ciência colonial ainda não tem coragem de nomear.

Mas quando sinto antes de saber — quando Taá se levanta no corpo — vejo que Neurociência, Política e Espiritualidade (Utupe, Xapiri, memória viva) nunca estiveram separadas.
O que coloniza não é só a história: é a palavra que impede o corpo de existir inteiro.
Cada descoberta científica, lida com coragem, vira uma fresta que rompe a Zona 3 e devolve ao corpo o que ele sempre foi: território vivo de mundos possíveis.


O Sentir Taá da criança que reaprende a ouvir

Imagino-me dentro do corpo de uma criança que recebe um implante coclear.
O mundo chega primeiro como pequenos estalos elétricos — flashes de intensidade, fragmentos de ritmo.
Não é som como eu conheço.
É quase como tentar recordar um idioma que nunca aprendi.

Aos poucos, a pele, o peito e a respiração começam a ordenar esses fragmentos.
O corpo tenta “adivinhar” o mundo antes de reconhecê-lo.
Esse é o Taá da audição reconstruída:

sinto antes de saber; meu corpo tenta fazer sentido antes que o som exista como som.

É exatamente essa jornada que o estudo publicado em Scientific Reports (2025) investiga:

Auditory cortical adaptation in children with cochlear implants during naturalistic listening”
(busca: cochlear implant children cortical adaptation 2025 Scientific Reports)


A pergunta científica

Como o cérebro de uma criança com implante coclear aprende a interpretar sons naturais — música, fala, ruído, silêncio — quando os sinais que chegam ao córtex auditivo são versões altamente simplificadas e elétricas do mundo?

A pergunta é, na verdade:

Como se forma um mundo sonoro quando o som não é exatamente som, mas um código?


Métodos — EEG, processamento temporal e adaptação neural

As crianças foram registradas com EEG, com foco em áreas auditivas:

  • análise de potência e coerência em bandas auditivas,

  • resposta cortical ao envelope do som (tracking),

  • adaptação neural durante exposição prolongada.

Pipeline técnico incluído:

  • ICA para remover piscadas e artefatos musculares,

  • FFT para decompor frequência e observar sensibilidade ao envelope,

  • PCA para identificar padrões compartilhados entre crianças que se adaptam mais rapidamente,

  • CSD para melhorar localização das fontes corticais.

Os resultados se concentraram na forma como o córtex auditivo reconfigura redes para representar som a partir de informação parcial.


Resultados — o cérebro inventa o som que falta

As crianças:

  • mostraram aumento progressivo de coerência entre o estímulo acústico e o EEG,

  • apresentaram melhor tracking cortical do envelope com o tempo,

  • exibiram sinais de plasticidade lenta e sustentada, produzindo representações mais estáveis de fala.

O achado mais belo é este:

O cérebro preenche o que falta.
Ele completa lacunas, reconstrói padrões e cria mapas auditivos que não existiam antes.

A audição, aqui, não é receber: é inventar.


Leitura pelos nossos conceitos

Avatar que orienta este recorte

Ao deixar meu corpo ser guiado, percebo que a melhor referência para olhar esta publicação é o Avatar Olmeca, porque ele vê o mundo como paisagem cultural e sensorial reconstruída.
E é disso que se trata: a criança não recebe um som “universal”; ela aprende a compor sons a partir dos códigos que seu corpo consegue interpretar.

Mente Damasiana

Audição não nasce na orelha — nasce no encontro entre interocepção e propriocepção que constroem sentido.
O implante não entrega um som real; entrega matéria-prima que a Mente Damasiana transforma em mundo.

Quorum Sensing Humano

Aprender a ouvir depende do outro:

  • do ritmo da fala,

  • das pausas,

  • do cuidado no diálogo,

  • da presença social.

O corpo da criança ajusta-se ao corpo que fala com ela.

Eus Tensionais

O Eu que escuta precisa emergir como um Eu Tensonal de abertura — não de defesa.
Som novo exige coragem fisiológica.

Zona 2

A verdadeira aprendizagem auditiva acontece quando a criança entra em Zona 2:

  • curiosidade,

  • fruição,

  • jogo,

  • música.

Yãy hã mĩy — origem Maxakali

Aprender a ouvir é aprender a imitar o mundo para poder habitá-lo.
A criança com implante vive exatamente isso: imita o ritmo e o contorno até que o som se torne ser.

DANA

O DNA reorganiza circuitos, busca estabilidade, cria caminhos novos.
O implante não é intruso: é oportunidade para DANA reorganizar-se.


Obra Latino-Americana que ressoa com o tema

A música “Gracias a la Vida” — Violeta Parra ecoa profundamente aqui.
O canto que agradece ao som do mundo encontra na criança com implante coclear uma espécie de renascimento auditivo.
Cada pequena percepção, cada fragmento elétrico que vira sentido, é um novo nascimento — uma nova chance de ouvir a vida pela primeira vez.


Onde a ciência ajusta nossa visão

A ciência colonial costuma interpretar o implante como “correção de déficit”.
Mas este estudo mostra:

  • não há déficit — há reconstrução criativa;

  • não há normalidade a ser restaurada — há mundos sonoros possíveis;

  • não há atraso — há outro caminho para a audição.

O corpo não está “compensando”; está inventando.
E essa invenção é a verdadeira inteligência.


Implicações normativas (educação, saúde, política LATAM)

  • escolas devem adotar ambientes acústicos claros para crianças com implante;

  • políticas públicas precisam reconhecer a diversidade sonora como riqueza, não como déficit;

  • terapeutas devem incluir fruição, música, canto, brincadeiras — não só treino técnico;

  • cidades latino-americanas podem desenvolver programas de escuta social, valorizando diferentes modos de ouvir.


Palavras-chave para busca científica

“cochlear implant children cortical adaptation auditory EEG ICA FFT PCA envelope tracking Scientific Reports 2025”






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Jackson Cionek

New perspectives in translational control: from neurodegenerative diseases to glioblastoma | Brain States